26.11.13

#84 - Incomoda-me

Cá estou eu, com mais um dos meus dilemas. Mas isto incomoda-me mesmo. Dói-me. Ajuda?

#2
É uma sensação de desconforto. Não gosto disto assim. Vê-lo sozinho, à espera dela. Incomoda-me tanto. Gostava de nunca o ter conhecido. Pergunto-me como seria se as coisas tivessem sido assim. Eu. Ele. E não houvesse um eu e ele. Não o consigo abandonar. Desde aquele dia na praia, que vi as marcas no braço dele. E "Oh!" dor a minha! Como eu me identifico. Nunca gostei dela. Cínica, egoísta. Olho para ele todos os dias no corredor. Sinto que sou uma desgraça. Um passado pesado na consciência dele. "Anda. Vêm comigo." Levo-o para uma das casas de banho. Encosto-o à porta da casa de banho. "Possuí-me." Digo. Desejo. Sonho. Quero. Mas não posso. Tive o meu tempo de o possuir. Agora, apenas o observo. De longe. Olho-o nos olhos e peço-lhe que venha. Mas não posso. Mais uma vez, vejo o diabo no meu ombro. Feliz, digo. Dança e canta, pica-me com aqueles três bicos. "Ugh!" Esta dor não me passa. Queixo-me na esperança que desapareça. Desiludi-me. Desaponto-me a mim mesma, vezes sem conta. Como eu desejo que esta dor se vá embora, que vá dançar com o diabo no ombro de outro. Os olhares perseguem-me. Julgam-me, definem-me. Metem-me tanto medo. O meu coração pára. Tem medo. Eu amo-o do fundo do coração. Mas pena a minha! Eu quero o outro. Quero possui-lo numa das casas-de-banho das senhoras. Quero que ele me possua. Quero-o de novo. Mas não posso. Ele já tem problemas que alimentam porcos. Não quero passar de um passado pesado, duro, desconfortável. Custa-me engolir a saliva assim. Ele sofre. E não, não serei eu que o ei-de fazer sofrer mais, passar por águas passadas enterradas! "Possui-me" repito. E um silêncio acomoda-se-me no peito. Olha-me nos olhos. "Não posso!". A minha visão fica turva. Um rio quente escorre. Viro costas. E não vou olhar mais para trás.

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Rosemary D.