#315

Depois de quase um mês sem cá vir estou, mais ou menos, de volta. Podia-vos dizer que compensou, que todas aquelas horas de estudo e todos aqueles exercícios compensaram. Mas não, não compensaram. A verdade é que vou fazer teste de recuperação de matemática e que os outros testes vão-se limitar a 13/14 valores.

A verdade é que eu disse que o ia esquecer e não esqueci. Que todas as aulas continuo a olhar para trás e limito-me a fixar os meus olhos nos dele. Não sei muito bem o que vos dizer. Quero que ele olhe para mim da mesma maneira que olho para ele, que ele sinta por mim o que sinto por ele. Eu quero-o mais do que alguma vez quis alguém, quando o que mais devia querer era ter distância dele, ter-lhe ódio.

Ele não é o rapaz perfeito. Ele não é nenhum Augustus Waters nem nada que se pareça. Ele não é o mais bonito nem o mais bem arranjado e não é ele que me vai deixar entrar primeiro. Mas ele é o que tem a melhor personalidade que já conheci. Ele é o que se preocupa comigo quando ninguém mais quer saber. Foi ele que me passou a conhecer demasiado bem e agora é ele que me pergunta o que se passa comigo. É ele que diz "não me chateeis" e "mentira, chateia-me" ao mesmo  tempo. Ele pode ser idiota, e só não pode como é, mas quando está só comigo é como se um novo Gustavo aparecesse vindo de sabe lá Deus onde, só para mim. É dos lábios dele que eu sinto uma melancolia extrema. Do sabor a água salgada e bolachas maria.